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Jogos de Impacto – Um Exercício de Propósito em Game Design

Um dos maiores desafios para desenvolvedores de jogos que estão iniciando sua carreira, em especial Game Designers, é adquirir a versatilidade como profissional ao experimentar o desenvolvimento de diversos gêneros, em plataformas diferentes ou simplesmente saindo do seu lugar comum.

Normalmente, quem inicia no Game Dev busca materializar seus sonhos, criar narrativas das quais já pensaram do começo ao fim daquele universo, expressar sua arte em um projeto que adote totalmente sua estética favorita ou simplesmente se sentir representado através de uma experiência lúdica, já que é muito comum que tenham iniciado na carreira por amarem essas mesmas experiências.

Dentro de todo esse exercício de versatilidade e experimentação quase forçada que tira Devs de sua zona de conforto, nenhum é mais complicado do que sair da esfera dos Jogos de Entretenimento.

A principal referência quando falamos de Jogos para qualquer pessoa nos últimos trinta anos será, via de regra, a referência de produtos AAA criados por grandes desenvolvedoras ou pérolas Indie que foram desenvolvidas mais recentemente e angariaram uma vasta quantidade de fãs por seu tom intimista e empático.

Sair disso, portanto, é quase uma afronta. Seria como tentar imaginar o que seria fazer um jogo se ele não fosse, de fato, um jogo, mas sim uma coisa qualquer que está dentro de uma plataforma de jogo e utiliza comandos de jogos.

Há uma vasta discussão sobre o que é ou não Jogo e sabemos onde dá quando começamos essa conversa acadêmica, mas pondo esse dilema na prática, a saída da mentalidade dos Jogos de Entretenimento se torna imensamente complicada quando Devs se deparam, por exemplo, com Jogos de Impacto.

Serious Games, News Games, Gamificações, Simuladores… Qualquer tipo de produto que tenha semelhanças o suficiente para parecer um jogo, mas diferenças o suficiente para não ser tratado como um produto de entretenimento já recebe hostilidade natural de boa parte da comunidade. Ranço até, dependendo do caso.

Mas a questão é que um Jogo de Impacto é uma ótima forma de se sair da bolha do desenvolvimento de jogos para algo que pode verdadeiramente te enriquecer como profissional. É quase uma jornada de descoberta, onde você avança rumo ao desconhecido e retorna com mais sabedoria e novas habilidades. Uma Jornada do Herói Dev, se assim preferir.

Projetos de impacto, se bem feitos, demandam um forte senso de consciência e propósito por parte de quem os desenvolve. Um Jogo Educacional, por exemplo, não deve ser só um meio mais bonitinho de transmitir o mesmo conteúdo da mesma forma, mas sim uma experiência que utilize do potencial de imersão dos jogos para potencializar o resultado de aprendizagem.

O mesmo vale para Gamificações, que no mundo ideal seriam baseadas em um estudo consciente do Público Alvo, de seus Perfis Motivacionais e dos gatilhos que poderiam ser provocados através de mecânicas e sistemas projetados para obter melhores resultados de engajamento desse público.

Esse exercício, apesar de importante na criação de um projeto de entretenimento, é constantemente negligenciado em prol de outros aspectos do produto que são mais chamativos e expressivos por parte do desenvolvedor, como uma narrativa complexa ou um trabalho de direção de arte elaborado.

A questão é que, enquanto os elementos chamativos são legais e interessantes, eles são a primeira camada de algo muito mais complexo, já que o diferencial de um jogo está exatamente na sua capacidade enquanto mídia interativa. Essas qualidades, por outro lado, só são percebidas através de uma análise e conhecimento calculados, além de um processo mais consciente orientado à resolução daquele desafio, o que caracteriza o Design, diga-se de passagem.

Dito isso, é uma pena que Devs tenham essa aversão a esse tipo de projeto, que além de ótimos exercícios de Game Design também são alternativas comuns para a manutenção financeira de empresas menores que podem buscar clientes mais fáceis de atingir do que grandes corporações em rodadas de negócios internacionais.

Fica a dica para quem se interessar por Game Design: busque bons jogos de impacto, jogue e projete algumas experiências suas. Você vai perceber como esse exercício pode auxiliar e muito a entender como destacar as melhores características dos seus projetos de entretenimento e torná-los jogos melhores!

Arison Heltami

Arison Heltami

Designer de Jogos com formação multidisciplinar nas áreas de UX Design, Gestão de Projetos, Programação e Psicologia Cognitiva, aplicadas com foco em experiências lúdicas digitais e analógicas.

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