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O pior nº 2 que a Capcom já fez

Vamos ser sinceros aqui, meus brothers, poucos são os estúdios que fazem um número 2 tão bons quanto a Capcom faz. Mega Man 2 trouxe melhorias em todos os níveis em comparação a Mega Man 1, Breath of Fire 2 não apenas trouxe uma história mais coerente que seu antecessor, como melhorou totalmente a fórmula da série. Resident Evil 2 trouxe o famosíssimo meme do Zapping system e também um jogo muito mais otimizado e amplo que seu antecessor e… Eu preciso mesmo falar sobre Street Fighter 2?

A questão é, se o jogo é da Capcom e tem um número 2 em seu título, as chances deles serem melhores – por uma grande margem – que seus antecessores são relativamente altas, porém há exceções a essa regra.

E a principal delas será objeto desse texto.

Para a surpresa de ninguém, dada a introdução e título desse texto, hoje eu vou trazer algumas curiosidades sobre o desenvolvimento e o legado de Devil May Cry 2. O famoso pior nº 2 que a Capcom já fez até hoje.

Então vamos lá, meus brothers! Vamos pegar a nossa roupa de detetives, nossos melhores one-liners e vamos desvendar (ou não!) alguns dos mistérios que nos trouxeram Devil May Cry 2 e porquê ele é considerado uma das piores sequências de todos os tempos.

Arte de conceito para o jogo Devil May Cry, da época em que ele seria o Resident Evil 4 (longa história, talvez para um outro texto), por Makoto Tsuchibayashi

Mas antes de começarmos, um aviso muito importante. Devil May Cry não é uma das minhas séries preferidas e eu não gosto do gênero que o pessoal define como character action. Sim, eu sei. 

Deve ser um pouco chocante eu escrever sobre uma coisa que não tenho tanto carinho, dado o meu histórico aqui no Compass, porém eu sou fascinado pela história de desenvolvimento de Devil May Cry 2, e esse é um jogo que seu desenvolvimento possui alguns mistérios e curiosidades muito interessantes.

Primeiro, eu gostaria de comentar brevemente sobre o que é percebido como qualidade do produto. Eu sinto que, em relação à franquia Devil May Cry, eu não possuo nenhum viés por simplesmente não ligar para a série, então quando o pessoal fala que Devil May Cry 2 é o pior jogo da franquia como um todo, eu me sinto no direito de concordar profundamente com essa fala.

Mas enfim, não estamos aqui para debater por horas a qualidade do jogo e sim lançar alguma luz sobre alguns aspectos de seu desenvolvimento que eu considero ser fascinante, então entra aí na viatura, detetive, nós temos um caso de desaparecimento para resolver!

Gif de sirene | reprodução

O desenvolvimento de Devil May Cry 2, como vocês podem ter percebido, não foi nada fácil. Para você ter uma ideia do quão… diferenciado… esse processo foi, a montagem da equipe responsável pela sequência e o início de seu desenvolvimento se deu antes mesmo do primeiro jogo da franquia sequer ter sido lançado.

Apesar disso sinalizar total confiança da Capcom no sucesso de vendas e críticas do primeiro jogo, isso trouxe alguns obstáculos sérios para a sequência do jogo, como o fato dela ser desenvolvida por uma equipe inteiramente nova. A franquia teria uma direção totalmente diferente de um jogo para outro.

Para o pessoal mais novinho que talvez não saiba dessa história, Devil May Cry 1 foi lançado em 2001, uma fase de forte declínio dos arcades no mundo todo. A Capcom sempre foi uma forte players neste segmento e decidiu se reestruturar, prevendo que haveria uma forte queda na arrecadação do setor.

E ela estava certa. Em 2004, 03 anos depois dessa decisão, o mercado deixou de arrecadar de 866 milhões de dólares de acordo com pesquisa da East Valley Tribune. A Capcom tem que agradecer – e muito – à sua equipe de Business Intelligence pela ajuda nessa tomada de decisão, hein?

Bem, e o que rolou nessa reestruturação e fez o estúdio botar o pé no freio de seus lançamentos de jogos arcade? Eu explico a seguir.

A Capcom sempre teve uma grande divisão de jogos de arcade, claro. Afinal, era uma importante fonte de renda para a empresa. Porém, no começo do século eles optaram por transferir toda essa divisão, que só produziam jogos arcade, para fazer jogos para consoles caseiros. E isso trouxe alguns soluços na produção de seus jogos.

Ora, é óbvio que ia demorar algum tempo para que a equipe da divisão de arcades se habituasse a desenvolver games para consoles caseiros. São jogos com filosofias de design completamente diferentes entre si e mudar essa filosofia que privilegia jogos com experiências rápidas de jogo – forçando o jogador a gastar muitas fichas – para uma que privilegia experiências longas e uma experiência mais profunda foi um desafio e tanto tanto para as equipes que fizeram a transição, quanto para a própria Capcom.

Os leitores mais atenciosos já devem ter uma ideia onde eu quero chegar com essa história toda, não? Pois é.

A equipe selecionada para o desenvolvimento de Devil May Cry 2 foi ninguém mais, ninguém menos que uma oriunda da divisão de arcades da Capcom, completamente diferente da equipe que desenvolveu o primeiro jogo. 

O projeto começou tão torto que nem ao menos os cabeças do desenvolvimento do primeiro jogo (Hideki Kamiya, o Hiroyuki Kobayashi, etc) ficaram sabendo que já havia uma seqüência em desenvolvimento de um jogo que eles nem sequer lançaram ainda.

Sketches da primeira versão do um Vergil todo diferentão, feito por Makoto Tsuchibayashi

Agora temos o pano de fundo necessário para explicar os motivos de Devil May Cry 2 ser tão diferente dos demais e ser classificado como o patinho feio da série e, por incrível que pareça, não é sobre o desenvolvimento do jogo em si que eu vim falar para vocês hoje, há um mistério muito maior que me interessa muito mais que o desenvolvimento desse jogo!

E eu sei que parece um excesso dar todo esse pano de fundo, falar sobre a queda dos arcades e sobre a reestruturação interna da Capcom no século XXI, mas tudo isso é muito importante para a gente entender e colher pistas sobre o assunto de hoje, por incrível que pareça, meus brothers.

Sim, meus brothers. Tem uma história incrível dentro desse desenvolvimento, que já é interessante por si só. Esse é um caso que até hoje não está solucionado, então está na hora de mergulharmos nesse mistério e entendermos o caso do diretor misterioso de Devil May Cry 2.

Para quem já terminou o Devil May Cry 2 e prestou atenção nos créditos, podem até pensar que esse autor que vos escreve ficou maluco, porque aparece claramente nos créditos do jogo o nome Hideaki Itsuno creditado como diretor do jogo. Só que tem uma história por trás desse manto que nem todos devem saber. O Itsuno só chegou no projeto durante os últimos 05 meses de desenvolvimento do jogo, em uma tentativa de salvar um projeto que claramente saiu demais dos trilhos ao se diferenciar tanto de seu antecessor.

Refutadinho BR! Créditos do jogo Devil May Cry 2

Então apesar da “glória” de ser creditado como o diretor de Devil May Cry 2 nos créditos do jogo, Itsuno chegou apenas no final do projeto – à pedidos da Capcom, que estava insatisfeita com o trabalho do diretor anterior – com pouco espaço para ditar os direcionamentos que o game poderia tomar dali pra frente quando o jogo já estava praticamente pronto. 

A pergunta que nos resta a fazer então é a seguinte… Quem é o verdadeiro diretor de Devil May Cry 2 que escapou por pouco da “honra” de ser creditado pelo seu trabalho no jogo?

Nós temos algumas hipóteses para trabalhar aqui, que vão desde as que possuem mais pé na realidade e outras que parecem saídas de teorias da conspiração mais malucas possíveis, então teremos um trabalho árduo de detetive hoje.

Para começar de um jeito interessante, vamos pegar as duas teorias mais famosas – e mais malucas ao mesmo tempo – e destrinchá-las para ver se elas nos ajudam a colher algumas pistas.

Teoria 01: O Diretor é ninguém mais ninguém menos que Shinji Mikami, diretor da série Resident Evil.

Imagem  de perfil do Shinji Mikami, retirado da Wikia de The Evil Within.

Ah, Shinji Mikami…. Figurinha carimbada por ter trabalhado em jogos clássicos e de profundo impacto na indústria de games como Goof Troop e Who Framed Roger Rabbit?… Ok, ok, eu tava zoando, pode parar de tacar pedras no autor!

Apesar de realmente ter trabalhado nesses jogos, Shinji Mikami ficou conhecido mesmo por ser o diretor de franquias incríveis como Resident Evil e Dino Crisis. Então por que é que acham que ele era o diretor original do Devil May Cry 2?

Bem, a resposta para essa pergunta é relativamente simples. Para os que não sabem ainda, vamos revelar um fato importante sobre o desenvolvimento da franquia Devil May Cry. O primeiro jogo da série iniciou o seu desenvolvimento como uma sequência de Resident Evil 3, ou seja… Devil May Cry começou a sua carreira como Resident Evil 4!!!

Gif dramático retirado do site Tenor.

Bem… Infelizmente essa teoria tem uma probabilidade baixíssima de ser verdade, uma vez que ela está baseada inteiramente na correlação do desenvolvimento do primeiro jogo com a franquia Resident Evil e o fato do Remake de Resident Evil 1 para GameCube ter sido lançado em 2002 – bem no meio do período de desenvolvimento de Devil May Cry 2 – e o diretor desse remake era… Exatamente… Shinji Mikami! 

Sem contar que a equipe de desenvolvimento do segundo jogo era totalmente diferente da equipe de desenvolvimento do DMC original, o Shinji Mikami nem sequer sabia da existência de DMC 2 quando começaram o seu desenvolvimento.

Apesar de ser possível acumular 2 cargos simultâneos de diretor, é um trabalho muito árduo e são casos que raramente ocorrem na indústria de video games. Eu, particularmente, nunca ouvi falar de um caso desse.


Então eu sinto muito, pessoal que acha essa teoria plausível, ao meu ver simplesmente é impossível o Shinji Mikami ter sido diretor tanto de Devil May Cry 2 quanto do remake de Resident Evil, tampouco ele tomando as decisões que precisaram ser revertidas pelo Itsuno.

Então… Selo de teoria improvável nessa daí!

Selo criado pela nossa designer maravilhosa, Roberta “Beta” Borssatti

Teoria 02: Ah… Então o diretor era o Hideki Kamiya, óbvio!

O careca mais maneiro do extremo oriente, Hideki Kamiya. Foto retirada do site residentevil.com.br

Por onde começar aqui? Apesar de não ser tão difundida quanto a teoria do Shinji Mikami, algumas pessoas acreditam que Kamiya estava à frente do cargo de direção durante o desenvolvimento de Devil May Cry 2. Ora, se ele era o diretor do primeiro isso faz sentido, não?

Se o leitor mais atento ao detalhe chegou até aqui, já consegue descreditar logo de cara essa teoria, afinal, quando o desenvolvimento de Devil May Cry 2 começou – como já explicado anteriormente nesse artigo – o Kamiya ainda estava trabalhando na direção do primeiro jogo e ele não sabia que já estavam preparando uma sequência.

Quando seu trabalho em Devil May Cry 1 acabou, Hideki Kamiya foi ser diretor em um jogo chamado Viewtiful Joe – que vocês provavelmente conhecem -. Portanto, é claro que dificilmente ele seria o diretor de DMC 2. A probabilidade disso ser verdade é ainda mais baixa que a da teoria do Shinji Mikami se provar verdadeira. Sinto muito, galera que acredita nisso.

Selo de improvável nessa teoria!

Selo criado pela nossa designer maravilhosa, Roberta “Beta” Borssatti

Teoria 03: Com certeza era o Hideaki Itsuno desde o começo, ele só falou que chegou depois para livrar um pouco a cara dele!

Hideaki Itsuno e seu jóinha do poder. Foto retirada do seu perfil oficial no Twitter.

Bom… Essa eu admito que possui uma certa plausibilidade se não nos dedicarmos a explorá-la totalmente. Tem alguns argumentos fortes tanto contra quanto a favor da veracidade dessa teoria, então vamos a eles e descobrir se é algo provável, improvável ou inconclusivo!

Quero começar pelos argumentos que creditam essa teoria como verdadeira. Para compreender esses argumentos, temos que mergulhar mais a fundo na carreira do Itsuno dentro da Capcom.

Hideaki Itsuno entrou para a Capcom em 1995, especificamente para trabalhar em Street Fighter Alpha como planner e aos poucos foi trabalhando em outros jogos da divisão de arcade da Capcom e… opa… peraí!

Um diretor de jogos da divisão de arcade da Capcom creditado como diretor de Devil May Cry 2, a reestruturação da empresa – aglutinando a divisão de arcade na divisão de consoles caseiros – acontecendo na época do desenvolvimento do jogo… uhm… Até que se encaixa, é tudo meio suspeito, né?

Gif suspeito retirado do site Tenor.

Mas é aí que vem o balde de água fria nessa teoria, meus brothers. E esse Balde de água fria tem até nome: Auto Modellista.

Explico.

Não culpo os brothers que não conheçam esse nome. Auto Modellista – Jogo lançado em agosto de 2002 para Playstation 2 – foi um dos três jogos desenvolvidos pela Capcom com foco em testar as águas para a jogatina online, uma vez que – na era do Playstation 2 – multiplayer online era uma gimmick ainda e não uma necessidade como é hoje.

A ideia da Capcom nessa época era que ao menos um dos três jogos lançados com foco no multiplayer online alcançasse a marca de vendas de 01 milhão de cópias. Os três jogos dessa iniciativa foram Resident Evil Outbreak, Monster Hunter e Auto Modellista. Apenas o Auto Modellista falhou em alcançar esse objetivo.

Pois é. Adivinha quem era o diretor de Auto Modellista? Acertô mizeravi! Ele mesmo, Hideaki Itsuno. Com o lançamento de Auto Modellista em agosto de 2002 e o lançamento de Devil May Cry 2 em janeiro de 2003 nos deixa aí entre 5 e 6 meses de lacuna entre o lançamento dos dois games.

A data bate com o que é falado tanto pelo Itsuno quanto pela Capcom de que ele serviu como diretor do jogo por uns 05 meses apenas. Então podemos também descreditar essa teoria pelos mesmos parâmetros que utilizamos para descreditar tanto a teoria sobre o Kamiya quanto a teoria sobre o Mikami.

Selo de improvável para essa teoria também!

Selo criado pela nossa designer maravilhosa, Roberta “Beta” Borssatti

Teoria 04: Ah, então foi algum diretor que nem trabalha na indústria mais, claro!

Imagem misteriosa retirada do site Vectorstock

Bom, essa eu já vou dizer logo de cara que não temos nem como creditar e nem como descreditar. Simplesmente não temos informações o suficiente (pelo menos até o momento que estou escrevendo esse artigo) sobre o histórico da pessoa que foi diretor de Devil May Cry 2 antes do Itsuno chegar.

É bem possível que esse cara tenha sumido da face da Terra e nunca mais apareceu. (Falando nisso, qual é a dos diretores que simplesmente desaparecem sem deixar rastro? Você já conhece a história do Shinichi Shimomura? Se nunca ouviu falar dela e quer mais um mistério pra tentar resolver, leia o meu artigo no compass que fala sobre isso clicando aqui!)

O nosso misterioso diretor de Devil May Cry 2 pode muito bem não estar atuando mais na indústria de video games após o trabalho mal sucedido no jogo… Ou ele simplesmente pode ter continuado como diretor na Capcom, ou com algum outro cargo na empresa ou até mesmo mudado de estúdio. Quem sabe?

É meus brothers… Em relação a essa teoria, teremos que aguardar o surgimento de novas informações sobre o caso, porque não temos ainda o necessário para entender o que de fato aconteceu e quem realmente é essa pessoa.

Selo de inconclusivo nessa parada!

Selo criado pela nossa designer maravilhosa, Roberta “Beta” Borssatti

Teoria 05: Certamente foi algum diretor da área de arcades da Capcom e optou por não ser creditado para proteger sua carreira.

Olha. Ok. Nessa daí eu concedo.

Dado todo o histórico de desenvolvimento de Devil May Cry 2, esse fato – ao menos – me parece óbvio. É ainda mais óbvio se levarmos em consideração que foi uma equipe destacada da divisão de arcades da Capcom responsável pelo desenvolvimento do game, mais especificamente a equipe responsável pelos jogos de luta da Capcom nessa divisão.

Então nos resta a seguinte questão, quem da divisão de jogos de luta da Capcom foi o diretor de Devil May Cry 2?

Vamos aos principais suspeitos. Para elaborar essa lista, vamos pegar um breve histórico de diretores destes jogos de luta da Capcom lançados antes de 2001 e que ainda estavam trabalhando no estúdio durante o desenvolvimento de Devil May Cry 2.

Iyono Pon – Proeminente produtor de jogos de luta da Capcom durante a segunda metade da década de 90. Seu nome consta nos créditos como produtor de jogos do calibre de Street Fighter Alpha 2 e Cyberbots: Fullmetal Madness. 

Apesar de atuar com certa frequência em posição de destaque dentro da empresa, o nome “Iyono Pon” pode ser apenas um pseudônimo, uma vez que era comum pessoas que desenvolveram jogos colocarem pseudônimos nos créditos durante essa época.

S-Hama – Mais um caso de pseudônimo misterioso de diretores na segunda metade da década de 90, S-hama é creditado como diretor em Darkstalkers 3 (1997) e também participou ativamente dos famosos crossovers de luta da Capcom com a Marvel.

Koji Nakajima – Creditado como produtor no jogo Jojo’s Bizarre Adventure lançado em dezembro de 1998, Koji Nakajima é um forte candidato a ter recebido o manto de diretor de Devil May Cry 2. Afinal ele já era da divisão de consoles caseiros da Capcom, apesar de seu envolvimento como produtor no jogo de luta do Jojo.

Yoshihiro Sudo – Produtor de Marvel vs Capcom 2 – lançado em 2002 -, Sudo é um dos queridinhos dessa teoria e ele é sempre lembrado como um pretendente forte a ter recebido o manto de diretor do Devil May Cry 2. Porém, as datas não batem muito bem, principalmente entre o lançamento de Devil May Cry 2 e Marvel vs Capcom 2.

Bom, independente de quem tenha sido o responsável pelo cargo no desenvolvimento do jogo, essa teoria é muito plausível, portanto, selo de plausibilidade adquirido com sucesso!

Selo criado pela nossa designer maravilhosa, Roberta “Beta” Borssatti

Teoria bônus – Yoshiki Okamoto seria o poderoso chefão?

Aqui vai um bônus para todos os brothers que tiveram a paciência de ler até aqui. É uma teoria doidona desenvolvida por mim mesmo, enquanto pesquisava para escrever esse artigo! Então não vou mais enrolar e soltá-la ao mundo de uma vez!

Talvez você conheça Yoshiki Okamoto. Produtor e diretor de alguns jogos famosos pela Konami e pela Capcom (inclusive Final Fight e Street Fighter II!). Os mais novinhos talvez o conheçam por ser o designer do jogo hit de mobile Monster Strike, de 2013.

Mas se você não o conhece, não tem problema, porque eu vou falar um pouco sobre ele aqui e agora.

Esse cara já fez de tudo um pouco na indústria de games, pode apostar. Conhece Red Dead Redemption, da Rockstar? Então, ele foi um dos responsáveis pela sua criação. (é uma longa história… Talvez seja um assunto para algum outro texto meu aqui do Compass).

Essa teoria tem um furo enorme – eu acho – que eu vou comentar sobre agora. 

O último trabalho de Okamoto como diretor foi em 1989, pouco mais de 10 anos antes do início do desenvolvimento de Devil May Cry 2. Mas… E se foi um retorno muito mal sucedido ao cargo de diretor?

Se isso aconteceu ou não… Não creio que temos como dizer ao certo. Agora eu trago aqui fatos que podem corroborar com a verossimilhança dessa teoria, então vamos a eles.

Fato 01: Yoshiki Okamoto já trabalhou tanto na divisão de jogos arcade, quanto na divisão de jogos para consoles caseiros da Capcom, o que significa que ele tinha boa transição entre essas duas divisões e poderia ser a ponte entre elas, necessária para a reestruturação interna da Capcom que estava rolando no começo dos anos 2000.

Fato 02: As datas batem. Bom, você, que checou o background da carreira do Okamoto, pode ver que as datas batem. Em 1997 ele saiu da Capcom para fundar a Flagship, sim, isso é um fato. Porém lembro vocês aqui que a Flagship foi criada para terceirizar o trabalho do Okamoto, que continuou a trabalhar principalmente junto com a Capcom desde a abertura da empresa até o seu fechamento. E é exatamente do encerramento das atividades de Okamoto na Flagship que vamos falar sobre aqui.

A Flagship foi uma parceira e tanto para a Capcom – para outras grandes empresas como a Nintendo, por exemplo, também, a bem da verdade – e o Okamoto sempre teve uma posição de destaque no estúdio, obviamente. 

Sabe que ano o Okamoto saiu da Flagship – empresa que ele mesmo fundou – para fundar uma outra empresa? 2003. Sabe que ano Devil May Cry 2 foi lançado – jogo cujo diretor original do jogo foi chutado da cadeira de direção pela Capcom para dar espaço para o Itsuno? – Exatamente! 2003!

Gif do mr. Bean surpreso retirado do site Tenor.

Fato 03: Um dos projetos da Flagship foi um roteiro cancelado de Resident Evil 04! Sim, o pessoal da Flagship atuou majoritariamente como escritores de cenários para os jogos mais famosos da Capcom, porém há uma possibilidade do Okamoto em ter se envolvido de uma forma mais próxima graças a esse roteiro.

Claro, isso são só coisas malucas da minha cabeça, que surgiram enquanto a gente tentava resolver esse mistério do diretor secreto de Devil May Cry 2. Obviamente essa teoria bônus é inconclusiva, se não for improvável, mas acredito que pensar sobre ela nos ajuda a tirar conclusões importantes sobre esse caso.

Selo de inconclusiva para teoria bônus aí, meus brothers!

Selo criado pela nossa designer maravilhosa, Roberta “Beta” Borssatti

O fato é que – mesmo depois de todo esse trabalho de detetive – provavelmente nunca saberemos quem foi o diretor de fato de Devil May Cry 2, e tá tudo bem não saber disso. A pessoa quis manter a sua anonimidade e a Capcom concedeu esse pedido, preservando inclusive a carreira dessa pessoa.

Talvez seja até melhor que o mundo não saiba quem de fato foi o diretor. A Capcom respeitar esse pedido eu vejo como algo positivo na indústria. 

Essa é só mais uma história minúscula dentro das infinitas outras histórias que temos na indústria de games. Mais um mistério que provavelmente nunca será resolvido e que, curiosamente, pensar nela me traz uma satisfação maior ao jogar Devil May Cry 2 (não que eu queira jogar esse jogo muitas vezes, credo).

Então eu fico por aqui, meus brothers. Não chegamos em muitas conclusões em relação a revelar a identidade do diretor misterioso, mas algumas coisas é melhor que não saibamos, principalmente se isso significa manchar a vida e a carreira de alguém.

Uhm… Eu não esperava chegar a essa conclusão quando comecei a escrever esse artigo. Interessante. É uma sensação estranha.

Fico por aqui meus brothers! E para vocês? Quem você acha que foi o diretor de Devil May Cry 2? Você concorda/discorda com as teorias aqui apresentadas sobre o assunto?

José "Quinho" Lisboa

José "Quinho" Lisboa

Quando não está passando pela síndrome do Tetris, está analisando gráficos, dados e números sobre o mercado de games... Antigamente para xingar muito no twitter, agora para atuar profissionalmente.

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