Com toda essa confusão causada pelos cancelamentos de eventos em São Francisco, uma pergunta ficou mais latente do que nunca: por que viagens internacionais são tão importantes?
Um questionamento recorrente aqui na GamePlan é a respeito de viagens internacionais. Ora, se com um computador e uma conexão à internet eu consigo publicar um jogo nas principais lojas ao redor do mundo, ter acesso às principais ferramentas, recursos e tudo o mais, porque mesmo assim eu preciso viajar, e especialmente para fora do Brasil, onde o investimento é muito superior do que empreitadas domésticas?
Desde que comecei a trabalhar com games, eu nunca parei de viajar. Seja por conta dos meus empregos em multinacionais que me “obrigavam” a estar presente em planejamentos e revisões trimestrais fora do Brasil, seja por que os fornecedores para um determinado serviço precisavam ser avaliados pessoalmente ou por conta de eventos. Fazendo as contas, já viajei mais de 700.000 milhas. Isso dá coisa de 1.120.000 quilômetros.
Em plena revolução digital, viagens assim continuam relevantes? Na minha experiência, eu digo que sim, e explico abaixo alguns dos pontos que considero mais importantes:
Saia da sua bolha – sair de casa e respirar novos ares faz muito bem, pro espírito e para a mente. Trabalhando em uma indústria criativa que se renova praticamente o tempo todo, estar em lugares diferentes e inspiradores abre a mente e oxigena as ideias, especialmente se acompanhado de um ou mais…
Eventos – não existe um cenário em que você participe de uma GDC em San Francisco, de uma Gamescom em Köln na Alemanha ou de uma Game Connection em Paris e não seja apresentado a cenários, conceitos e relacionamentos que vão mudar o seu modo de olhar não só a indústria, mas como o mercado funciona no mundo. Cada região é diferente, e cada país é diferente. Os modelos de negócios, os comportamentos pessoais, a cultura, tudo muda.
Networking – seja relacionado a seu trabalho ou não, conhecer pessoas é um ato que obrigatoriamente tem que fazer parte de seu dia a dia. Você nunca sabe quem pode tornar-se um cliente, um parceiro e até um amigo para a vida toda. É necessária cautela, claro, não vamos sair abrindo o jogo para todo mundo, mas saber que é quem no tabuleiro de xadrez do mundo dos games e mostrar seu rostinho nos principais eventos faz uma diferença relevante.
Nada substitui uma reunião, um café ou até uma cerveja presencial. Coisas bacanas podem acontecer via conferência online, mas olhar para a pessoa, entender de onde ela veio, o que ela busca e traçar caminhos complementares fica muito mais fácil ao vivo;
Invista em real, fature em dólar (euro, ienes…) – se você vive, trabalha e produz em um país como o Brasil, que possui câmbio flutuante e onde somente em uma vez na história sua moeda foi pareada (artificialmente) com o dólar americano, é uma ótima notícia: você pode fechar negócios internacionais e ser “barato”, mas entregar no padrão de qualidade global (que você aprendeu como é viajando; olha só como o raciocínio fecha) e você recebe mais do que normalmente se fizesse negócios só na sua moeda local.
Não fique preocupado se você não tem o necessário para investir ou se só consegue ir nesse ou naquele evento. Guarde dinheiro, invista em você e na sua carreira, mas comece devagar. Se eu escolhesse um evento para começar, eu recomendaria a Game Connection Europe, em Paris. Ela não é tão cara no aspecto passagem e hospedagem e é um evento de alto nível. Agora, se você já consegue investir um pouco, não pense duas vezes: a primeira GDC na maravilhosa San Francisco, a gente nunca esquece
