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Você realmente sabe o que são FURRIES?

Se você passa muito tempo online já deve ter ouvido falar de furries, mas se não ouviu, vem comigo que eu explico.

Vamos lá! A comunidade furry – ou furry fandom – é uma subcultura cujo interesse são criaturas  antropomórficas – ou antropozoomórficas – que são animais com características humanas (se fossem humanos, eles seriam zoomórficos). Como a comunidade se refere a eles simplesmente como antros, utilizaremos antro para o texto.

Para dar uma rápida contextualizada, o fandom é datado de meados dos anos 70, tendo suas raízes em eventos de ficção científica, mas acredito que os egípcios antigos podem discordar.

O fandom não está preso à uma mídia – série, jogo ou livro – específica, abrangendo desde outros fandoms até personagens totalmente originais. Internamente há um forte senso de comunidade, principalmente artística, quem faz parte da comunidade consome o que é produzido dentro da comunidade. Artistas furry acabam tendo um lugar de certo destaque pois alimentam a comunidade produzindo arte, música, literatura, roupas e fursuits.

A comunidade tem forte influência LGBT+ e conta com a presença de várias minorias. Com fama de acolhedora e, principalmente, aberta quanto a temas como sexualidade, o fandom acaba abraçando a diversidade de seus membros, dando espaço para que eles explorem temas que são mais difíceis de serem trazidos à tona na sociedade, como gênero e sexualidade.

Por ter esse caráter, e eu coloco aqui entre várias aspas, sexual ligado à personagens bestiais, muitas pessoas fora da comunidade julgam furries como algo pervertido, muitas vezes associando-os à zoofilia. O que está longe de ser o caso!

O fandom vem ganhando notoriedade, principalmente online e atualmente acontecem vários eventos furries ao redor do mundo. Por um lado, essa facilidade de acesso faz com que a comunidade cresça, e por outro lado, também cresce a desinformação e o preconceito.

Furries na mídia

Agora que você sabe o que é a comunidade furry, vamos explorar a presença que eles têm nos jogos.

Na mídia a “estética” furry está presente desde muito cedo também, principalmente nos cartoons, com animações estrelando personagens animalescos desde o início dos anos 20. Nos videogames nossos queridos personagens peludos também não ficaram de fora, com grandes títulos como Star Fox, Sonic the Hedgehog, Crash Bandicoot entre outros.

Neste contexto, vale mencionar Furcadia, lançado em 96 para PC, que foi um MMORPG produzido por furries, ressaltando a força da “endo-produção” dentro do fandom.

Hoje em dia vemos cada vez mais personagens não-humanos diversificando nossos jogos – dos indies aos jogos AAA – chega a ser difícil de listá-los. O público recebe muito bem jogos com animais jogáveis como os indies: Night in the Woods, Hollow Knight, Rival of Aether. E jogos AAA como: Multiversus, Final Fantasy XIV, Animal Crossing.

Muitos personagens antro caem no gosto popular, tornando-se mascotes da empresa, como o Sonic virou a cara da SEGA, e até mesmo levando a criarem personagens originais baseados no show, inspirando-se em alguma criatura antro. Muitos destes comportamentos são muito presentes na comunidade, principalmente criar sua própria “persona furry”, chamada de fursona, baseada ou não em uma espécie fictícia ou de série.

Mas peraí, eu sou furry?

Calma. Só o fato de você curtir uma mídia ou personagem antro não faz de você um furry. Você não entra no fandom de um filme só por tê-lo assistido, não é? E como eu disse lá no começo, o furry fandom é uma subcultura. Para fazer parte você precisa estar emergido nesse contexto.

No entanto, não é por não estar inserido na comunidade que não vale a pena conhecer melhor um pouco mais para quebrar a impressão que se tem das pessoas que fazem parte do fandom.

Aceitação da mídia vs. comunidade

Já vimos alguns exemplos de jogos com personagens antro que tiveram aceitação calorosa do público, e então? Como isso afeta a comunidade?

Bem, não muito, não diretamente. Com personagens antro tomando cada vez mais espaço nas mídias, mais pessoas acabam se deparando com conteúdo produzido pela comunidade furry. Inúmeras fanart e literatura de personagens furry geralmente são produzidas pela comunidade, isso inclui artes mais eróticas, o que gera asco de pessoas que desconhecem o fandom.

Este comportamento de aversão à furries, que se nota principalmente online, já saiu da Internet e gerou casos de agressões físicas mais graves, como o ataque com bomba de gás à uma convenção furry em 2014, que levou mais de 19 pessoas ao hospital, até hoje sem explicação.

Muito dessa agressividade com a comunidade vem da falta de conhecimento, gerando ‘memes’ que levam a comportamentos mais agressivos. O que contrasta com como personagens antro são aceitos de forma ampla em diversas mídias.

A comunidade furry é bastante receptiva e, diferente de como personagens antro são aceitos, não tem a mesma recepção do público geral. Então, volto então à primeira pergunta, você sabe o que são furries ou uma ideia baseada em um ‘meme’ e pré-julgamento? Vale pensar um pouco e pensar nas pessoas que estão atrás da máscara antes de julgar as pessoas.

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